Hino do Rio Grande do Sul ANTIRRACISTA

Uma releitura do Hino do Rio Grande do Sul com letra de Oliveira Silveira. Coordenação: Gleidson Renato Martins Dias e Lucia Helena Villar Piano: Renato Borba Voz: Ariele e Daniel Farias Gravação e mixagem: Kiko Ferraz No Sax: Gleidson Renato Martins Dias.

LUTA

7/5/20232 min read

Nenhum povo, em nenhum momento histórico, seja pelo motivo que for, merece ser escravo. Não existe justificativa ao injustificável e não há "virtus" algum em escravizar hoje, ontem ou amanhã.

Sempre atento às questões relacionadas aos direitos humanos e fundamentais, em especial à luta contra o racismo, o professor, poeta e escritor Oliveira Silveira denunciava, desde os idos de 1980, o verso "Povo que não tem virtude acaba por ser escravo", do hino riograndense.

Para contrapor o verso intragável para boa parte dos gaúchos e gaúchas, o poeta sugeriu construção alternativa:

"Mas não basta para ser livre

Ser forte aguerrido e bravo

Povo que é lança e virtude

A Clava quer ver escravo"

Habilidoso em várias áreas do conhecimento, incluindo a música, preferiu uma construção frasal que não precisasse modificar a partitura do hino. Nosso hino, um dos símbolos do Estado em razão de lei ordinária, é composto por letra e partitura musical na qual registra-se a melodia, o andamento e as notas musicais a serem executadas. O verso de Oliveira Silveira obedeceu, à integra, a partitura musical oficial e ofereceu ao povo gaúcho um verso inteligente que, acertadamente, retira do/a escravizado/a a culpa pelo infortúnio desumanizante da escravidão: Povo que é lança e virtude, a Clava quer ver escravo.

Ou seja, se no verso atual, a culpa pela escravização é do escravizado por supostamente não ter virtude, no verso do ativista da humanidade é o poder, a Clava, que ao ver força de um povo (lança e virtude) quer torná-lo escravo. Note, inclusive, que o verso não é dirigido a raça ou povo determinado, mas a qualquer povo, a qualquer raça, em qualquer tempo e/ou lugar.

Após deliberação do MNU - Movimento Negro Unificado sobre a necessidade de resgatar o legado e a construção de Oliveira Silveira para o debate sobre o hino gaúcho, um grupo de ativistas resolveu gravar a versão proposta pelo poeta.

O objetivo principal é a de possibilitar ao povo gaúcho o contato com a proposta para desmistificar a ideia de que, com a alteração, o hino regional mais cantado e executado do país perderia sua essência.

Uma releitura do Hino do Rio Grande do Sul com letra de Oliveira Silveira.

Coordenação: Gleidson Renato Martins Dias e Lucia Helena Villar

Piano: Renato Borba

Voz: Ariele e Daniel Farias

Gravação e mixagem: Kiko Ferraz

No Sax: Gleidson Renato Martins Dias.